terça-feira, 16 de julho de 2013

A história de Jardim Armação



Pesquisa

Este trabalho parte de uma atividade da disciplina REFERENCIAIS TEÓRICO-METODOLÓGICO DA HISTÓRIA NO ENSINO FUNDAMENTAL CUJO ORIENTADOR É  O PROFESSOR ALFREDO DA MATTA,  onde busco apresentar um pouco sobre a história de Jardim Armação.


A chegada de Caramuru a Bahia de todos os Santos



Imagem 1 Disponível em: http://www.bahiatododia.com.br/index.php?artigo=173

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Numa expedição datada entre 1509 à 1511 por colonizadores portugueses que estavam a caminho das Índias,  um navio francês naufragou entre os arrecifes de Maiririquiig, em um lugar denominado hoje de Mariquita, na embocadura do Rio Vermelho onde apenas um dos marinheiros sobreviveu, Diogo Álvares Cabral que não foi massacrado nem devorado como os demais tripulantes pelos habitantes deste lugar.


Diz alguns historiadores que Diego Álvares conseguiu resgatar ainda algumas mercadorias que não sofreram estragos com o naufrágio do navio e impôs admiração da tribo indígena alcançando o respeito, quando em uma oportunidade atira com a arcaduz (arma de fogo) que encontrará dentre os destroços abatendo um pássaro pousado numa árvore. Daí recebeu o nome de Caramuru, que significa “o dragão do mar”, segundo uns e “o filho do fogo” por outros. Outra versão da história fala que o nome Caramuru lhe é dado por ele ser muito magro e não ser um petisco bom para aos canibais, nesse caso seu nome deriva da cultura indígena, moréia que é o nome de  um peixe. 


Caramuru ajudou em seguida os tupinambás locais em suas guerras contra seus vizinhos, assegurando de forma mais fácil à vitória, graça a sua arcaduz. Ele recebeu como recompensa algumas concubinas dentre elas a mais graciosa, a filha do chefe Catarina Paraguaçu. O desempenho de Caramuru no papel de intermediário das relações de Tomé de Sousa, o primeiro governador-geral do Brasil, com os tupinambás foi de fundamentalmente importância.


Diogo Álvares Caramuru e Catarina Álvares Paraguaçu, se estabeleceram na Bahia de todos os Santos, num lugar chamado hoje de Vila Velha, onde se encontra a Igreja de Nossa Senhora da Graça.


Qual a ligação entre Caramuru e a Casa da Torre?

A ligação está na questão de parentesco já que Garcia d’Ávila Pereira de Aragão é o sexto neto do primeiro Garcia d’Ávila e o sétimo neto de Diogo Álvares, o Caramuru e  Catarina Álvares, a índia tupinambá batizada em Saint Malo. Garcia d’Àvila Pereira casou duas vezes, no entanto não deixou sucessão. Foi o último varão da descendência de Diogo Dias e Isabel d’Ávila, ou seja, o sétimo e último senhor da Torre da dinastia do Dias d’Ávila.        



A casa da Torre                                    

 
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A terra em que se iria construir a casa da torre era uma selva, cheia de bravas tribos tupis, cobria a alargada faixa litorânea que se prolongava da ponta do padrão para o norte, além da embocadura do rio Real, Tomé de Sousa chega à Bahia, em 1549, investido na função de dirigente supremo do Brasil. Assim essas terras de baixo rendimento agrícola, que constituíram, entretanto, campos propícios a criação de gado. Então passam a ser importados, em seguida, os primeiros bovinos das ilhas portuguesas para outros países, não tardou que fossem feridos em tal direção. Dessa forma coube a Garcia d’Ávila, o desafio, ao exercer o papel de pioneiro, sendo colocado no posto de almoxarife dos armazéns reais, pelo o 1° governador geral, de quem era protegido (criado, na expressão antiga).


Dedicou-se a lucratividade industrial do criatório, estabelecendo currais que se foram multiplicando ao longo da costa, a partir das proximidades da rudimentar capital. Obtendo doação, mediante sucessivas sesmarias, de quase toda a orla atlântica acima indicada, efetuou e consolidou paulatinamente a posse da gleba, levando à frente seus rebanhos. Não o fez, porém sem luta. Perseguido, volta e meia pelos gentios, assim teve que pelejar incessantemente. 
 

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Escolheu, então, para sede de seus domínios, um local um pouco acima da foz do rio Pojuca, sobranceia a protegida angra, denominada pelos indígenas localizados no alto da colina de Tatuapara, onde ganhou posição e aumentou sua extensão de terra, hoje esse lugar é conhecido como o Parque Cultural Garcia D'Ávila que abriga as ruínas na fortificação erguida, além de salas de exposição, capela e restaurante. O castelo é uma das grandiosas construções de sua época. Essa região atualmente se encontra na Praia do Forte.  E sua edificação ocorreu no século XVI e é conhecida como Casa da Torre ou Castelo Garcia D'Ávila, cuja existência acrescentou o adjetivo de "Forte" à praia onde está situada. Restaurado, o Castelo Garcia D'Ávila volta a brilhar e fascinar os visitantes. Servia para proteger o litoral contra a presença de piratas e invasores.
Assim a intenção da Coroa portuguesa e as condições sob as quais concedera as sesmarias, para a construção de engenhos no Recôncavo, foram às mesmas que levaram o primeiro Garcia d’Ávila a construir seu domínio, a partir da Torre de Tatuapara: erguer, juntamente com cada unidade de produção, uma  fortaleza, em que o senhor das terras se tornava o capitão, responsável pela defesa não apenas do seu próprio domínio, mas também da cidade do Salvador e de demais regiões da colônia, contra ataques de índios selvagens ou contra os corsários e outros invasores estrangeiros. O colono, que se fazia agricultor, fora assim compelido pela Coroa de Portugal e pelas condições da conquista, a tornar-se também guerreiro. E essa obrigação de construir fortalezas, torres ou casas-fortes, robusteceu nos senhores de engenho da Bahia as características de nobreza feudal, que permaneceram, mesmo quando raramente tiveram de exercer funções militares.

Passando para o litoral, vamos discorrer sobre uma das partes que os Garcia d’Àvila foi dono a área de Jardim armação.

 

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 Falando um pouco sobre Jardim Armação


 

O bairro Jardim Armação está localizado na orla da cidade de Salvador, sendo um dos menores dessa cidade. Com o Plano Diretor, o bairro vem sofrendo um boom imobiliário desde 2009, pois foram liberados prédios tanto na parte interna como na orla, e muitas construtoras compraram e estão comprando esses terrenos para construir prédios, assim suas ruas dantes empreendimentos residências, agora é símbolo de uma evolução imobiliária. Outro fator que contribuiu para o povoamento do bairro Jardim Armação foram as pessoas que queriam montar suas casas de veraneio em um lugar cercado por dunas e descobriram este lugar paradisíaco.



Boom  
 
  

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Mas antes desse boom, em 1979, o Estado concluiu as obras do Centro de Convenções da Bahia,  
 


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com uma área de exposição muito ampla de 22.461 m² no pavilhão de feiras, contando com 17 auditórios, com capacidade de 601.904 lugares.  Passando para a praia de Armação, que está situada nesse bairro e segue até a praia de Jardim de Alá. Esta chamada já pela dominância linguística africana- Armação do carimbamba, isto é, em tradução livre, Armação do xaréu magro. Ali antigamente se encontravam as armações, porque eram praias propícias à pesca de baleias.




Por aquele tempo e até muito recentemente, a presença daqueles cetáceos era comum na orla de Itapuã e nas suas praias podiam ser vistas muitas ossadas embranquecidas pelo sol. Eram bastante comuns às vértebras e muitas dessas peças ósseas ainda hoje ornamentam casas e colônias de pescadores.


Já mais recentemente, as armações passaram a ser, também, o local onde os pescadores botavam redes à espera do peixe, fato no litoral da cidade ainda nos anos 70. A urbanização da orla marítima, sua iluminação e o aumento do volume de tráfego espantavam os cardumes- especialmente os de Xaréu- para longe da cidade. Perdeu-se um belo espetáculo, que era recolhimento dessas redes ali “armadas,” e que sempre eram “provocadas,” repletas de pescado das mais variadas espécies.


 





Fique sabendo



Em 2006 uma baleia encalhou próximo a Armação.
Disponível em:
www.youtube.com/watch?v=zQhqh2QHAho
 

 




Assim essas terras ali presentes eram do domínio direto dos descendentes de D. Antônio de Ataíde, 1° Conde de castanheira. Um administrador local desses fidalgos portugueses, latifundiários aqui- Manoel Inácio Rodrigues Pinheiro construiu, pelo início da segunda metade do século XVIII, uma casa que, de reforma em reforma, chegou até o fim do século XX, como sede do Aeroclube. Junto a ela, as instalações para desmancho e industrialização das baleias pescadas. A tão referida “casa de pedra.” Não foi, ali, posto de saltada e de “estocagem” de escravos contrabandeados. Foi sim, local de trabalho da mão –de- obra escrava no “negócio da baleia”.

Se andarmos em frente, vamos encontrar os sítios em que estiveram mais duas armações: A armação do Gregório e a armação do Caxundé, aproximadamente no local onde está, hoje, o bairro identificado com Jardim de Alá. Daí, vamos chegar a uma praia de densa história, está sim tendo tudo a ver com o escravismo na Bahia. Lá chegaram levas a levas de negros contrabandeados da Costa d’África para cá, depois que uma lei aboliu a “legitimidade” do tráfico. Sem número fora os navios que, ali, despejaram sua carga humana para, somente depois, com a ficção hipócrita de quem teriam navegado “a lastro” fundearam no porto da cidade. A praia de chega negro foi com este nome identificado até o fim dos anos 60 do século passado quando passou a ser chamada de Jardim dos namorados.






Nessa parte serão explícitos dois depoimentos de duas das antigas moradas da rua general braúlio guimarães, localizada em jardim Armação.


Maria Alves dos Santos

Idade: 62 anos

1.Como veio para na Armação?

“Vim do interior de Corta mão (Armagosa), mas antes daqui morei em outros lugares, cheguei aqui em 1984 com meus dois filhos e tive minhas duas meninas”

2. Como era a Armação antes?

“A armação antes, tinha muito mato, umas casas e dois pequenos prédios.”

3. E hoje como a Armação está?

“Hoje, as casas foram vendidas e no lugar está cheio de prédios grandes... muitas obras por aqui, (pausa) sinto falta do passado e hoje tenho vontade de ir embora.”

4. A Armação tem alguma história?

“Dizem que essas terras eram de um fazendeiro que perdeu tudo para o governo.”

5. Já ouviu falar que o Aeroclube, foi uma casa de pedra?

“Não, só sei que helicópteros pousavam ali.”


Eliete dos Santos Silva

Idade: 61 anos

1.Como veio para na Armação?

“Fui criada numa fazenda em Piritiba e morei também em Irecê, meu pai trabalhava em Salvador na cidade baixa na ferrovia e no garimpo. (pausa) Nem sabia onde era Salvador, fiquei um tempo em Minas a trabalho por causa de uma seca em 76 em Irecê e depois vim para Salvador, trabalhei em vários lugares, quando estava morando já em Pernambués comecei a trabalhar na Armação, acabei comprando um pedaço de terra e fiquei por aqui”

2. Como era a Armação antes?

“Deserta, não tinha nada além de areia daqui a Itapuã.” (Dunas)

3. E hoje como a Armação está?

“Mais movimentada cada dia crescendo mais, um bairro bom de si morar, mas também aumentou a violência, antes eu ia para Pernambués andando sem nenhum problema pelo areal onde hoje se encontra o centro de convenções, atualmente deixo tudo trancado em casa.”

4. A Armação tem alguma história?

“Só sei que me dizeram que onde está localizado o escritório do Bompreço era casa de coronel.”

5. Já ouviu falar que o Aeroclube, foi uma casa de pedra?

“Não, sei que alguns helicópteros pousavam naquele monte de areia”







Referências
DÓREA, Luiz Eduardo. Histórias de Salvador nos nomes das suas ruas. [Projeto gráfico: Alana Gonçalvés de Carvalho e Gabriela Nascimento; revisão de Aragão Bezerra, Ragel Castilho. Salvador. EDUFBA. 2006. 450P.: Il+ nexo. (coleção Bahia de Todos)



BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. O feudo. 2ª edição revista e ampliada. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, 695p.


FALCÃO, Edgard de Cerqueira. Encontros tradicionais da Bahia. Brasil pitoresco, tradicional e artístico III. São Paulo- Brasil. MCMXLIII. Livraria Martins.

VASCONCELOS, Pedro de Almeida. Salvador: transformações e permanências. (1549-1999)/ Ilhéus. Editus, 2002. 456p.:Il.

VERGER, Pierre. Notícias da Bahia-1850. Tradução: de Maria Aparecida da Nóbrega. Salvador. 2ª edição, Editora Corrupio.1999.

TEIXEIRA, Cid. História Visual. Fortes e praias. Livro 10. Correio da Bahia.